quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Um par de galos e alguma saudade

Foto: Foco Certeiro - Flickr

Minha amiga Flávia e sua irmã Vera estiveram recentemente em Madri e Lisboa, uma semana em cada cidade. Foi uma decisão repentina, mas acertada; encontraram amigos na Espanha e foram espiar Lisboa, Sintra, Cascais...

Ao ver as fotos senti um cheiro inconfundível de Portugal na alma. Foi como caminhar de novo pelo Rossio (que eu tinha como certo ser grafado "Rocio", como nos livros de Machado de Assis - aliás, a Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro, chamava-se "Largo do Rocio" no século passado) e pela Av. Liberdade... Ou pelas redondezas do Castelo de São Jorge, como fiz em maio ao lado do Tiago.

Em Sintra estive só à noite, e Cascais não vi. Pudera: eu tinha tantas histórias humanas a viver, como teria tempo para "turistear" apenas? Não que não goste, muito aliás pelo contrário; prometi a mim mesma encompridar o máximo que puder a próxima viagem à terrinha, para poder ver tanta coisa que só ficou mesmo nas informações do Guia Michelin...

Bem, a Flávia trouxe-me uma lembrancinha, como os brasileiros costumam dizer ao entregar um presente: dois lindos paninhos estampados com o galo de Barcelos, as bordas enfeitadas com entremeio. - Servem como jogos americanos - disse-me ela.

Fiquei orgulhosa. Terei agora o prazer de pousar meu prato sobre um autêntico jogo português, lusitaníssimo aliás, adquirido numa casa muito tradicional; a Loja dos Descobrimentos, que fica ao pé da Casa dos Bicos, na Rua dos Bacalhoeiros.

Agora digam-me se este não é um lindo nome para uma rua?

Aqui no Rio de Janeiro temos a Rua da Ajuda, que também adoro, mas que por muitos anos chamou-se Rua Melvin Jones. Numa sadia volta às origens, recebeu de volta o nome original. E há também o Beco dos Barbeiros, o Largo do Boticário... heranças positivas e seculares que, felizmente, sobreviveram para guardar, no centro histórico da nossa cidade, um pouco do passado encanto.

Os galináceos pintados no meu lindo jogo português são os únicos galos de Barcelos que possuo. Tá, pode ser que sejam "manjados", como diríamos em boa gíria brasileira. Mas fazem parte da tradição e da história. Gostei muito deles e espero que me acompanhem ao longo de muitas bacalhoadas à lagareira, daqui por diante.

Decerto ainda vou comprar um galinho. No futuro, quando estiver em Lisboa e achar aberta a Casa Portuguesa e encontrar, em meio àquele mundo que estava em obras, quem sabe um com a asa quebrada - que tenha sido muito usado, manuseado à vontade e passado de avó para neta, e dessa para bisneta, e assim por diante, por anos e anos e anos...

As fotos e os galos também me levaram de volta. Aliás, esse ir e voltar da minha alma às terras e corações lusitanos é tão freqüente que às vezes até me esqueço que as três horinhas que nos separam são só o fuso horário, e não o tempo de vôo... Pois se já vôo para lá sempre que quero...


3 comentários:

Anônimo disse...

http://www1.ci.uc.pt/iej/alunos/2001/lendas/Lendas%20de%20Barcelos.htm

Acho que vais gostar de ler isto :)

SombrA

Anônimo disse...

http://64.233.183.104/search?q=cache:7PgaXEKSjfEJ:www1.ci.uc.pt/iej/alunos/2001/lendas/Lendas%2520de%2520Barcelos.htm+galo+de+barcelos&hl=pt-PT&ct=clnk&cd=9&gl=pt


[ espero que já dê ]

ÁguaDiCoco disse...

Esse galo mora na minha cidade: BARCELOS! Lindo não é? kkkkk