2009, meu segundo Portugal. Visita de parente, de ir fundo, de contar as pedras das calçadas, os detalhes, de amar simplesmente as pessoas, os gostos, os cheiros, aquilo que se quer lembrar... e guardar no coração.
quarta-feira, 30 de julho de 2008
Um encontro como poucos
Há muito aprecio a voz de Teresa Salgueiro. Aliás, o Madredeus talvez tenha sido o único grupo português contemporâneo a furar o bloqueio de lá pra cá que parece haver entre as nossas fronteiras e garantir um lugar no coração dos brasileiros. Ainda falta muito para a balança musical entre os dois países se equilibrar... Só vou acreditar mesmo quando ver o Jorge Palma bombando por aqui.
Mas eu falava de Teresa e de sua singeleza, que não por acaso é uma rima. Há outras: beleza (da voz e da figura), pureza (do timbre), sutileza (do estilo)... Portanto, quando me disseram que o Josep Carreras, de quem sou uma assumida e orgulhosíssima fã de carteirinha há anos e anos e anos, tinha ficado encantado com sua voz e iria cantar com ela, achei perfeitamente natural.
O encontro dos dois no cd "Energia", de Carreras, e em outros momentos celebrados e ao vivo, é pura emoção. A canção "Haja o que houver", que me encantou quando foi incluída na felicíssima trilha sonora da mini-série "Os Maias", ficou perfeita em dueto e contracanto. É um momento para recolher ao fundo da alma, fechar os olhos e simplesmente sentir. Parece mais um carinho terno, delicado, de uma doçura impressionante. Carreras, sempre brilhante nos pianíssimos, empresta à sua voz um calor único, que emoldura como um abraço o cristal por onde respira o timbre de Teresa.
Apesar de os duetos em "Haja o que houver" e "Manhã de Carnaval" terem sido gravados já há algum tempo, são mais que atuais. Aqui combino a minha já eterna fase portuguesa com a paixão por Carreras; e na hora de decidir em que blog iria falar disto - no "Portugal, Portugal" ou no blog dedicado a Josep Carreras - escolhi mesmo ficar em terras (perdão, letras) lusas. Muito pelo esplendor dessa canção, que transborda nostalgia e aquele sentir tão longínguo e fundo que é a cara dos portugueses e faz parte da herança que nos legaram. E também por Josep Carreras cantar em português, o que sem dúvida para ele é uma façanha, em que pese a proximidade ibérica, mas que realiza com a maior das honestidades.
Na impossibilidade de postar aqui as canções, deixo na seção de vídeos o vídeo-clip de "Haja o que houver" - além de incluir os dois duetos no player ao lado, dedicado ao Jorge Palma. O Jorge, além de ser um grande artista, tem um coração enorme e ficará feliz em abrigar essas maravilhas, para deleite de todos que por aqui passem.
Ave, Teresa Salgueiro!
Ave, Josep Carreras!
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Um comentário:
"Estendemos as mãos como ramos nus
atravessando o rigor líquido da noite
abrimos os livros, os mapas, os olhos
mas as entrelinhas estão há muito desabitadas"
Vasco Gato
(n sei pq mas apetece-me poemar poemas dos outros)...deve ser da lembrança dessa magnífica música da Teresa
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